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O objetivo dessa matéria não é induzir ninguém ao vegetarianismo, mas simplesmente convidar os leitores a refletir como nossas escolhas cotidianas podem ir muito além do que pensamos. A maior parte das pessoas segue passiva, alguns simpatizam e outros criticam piamente o vegetarianismo. Independentemente da sua posição, o importante é respeitar a escolha de cada um.
Hoje em dia, muitos ainda alegam que a dieta vegetariana é pouco saudável e pobre em nutrientes, principalmente pela carência de ferro. Isso é mito! O ferro é sim essencial para o funcionamento do nosso organismo, mas existem muitas formas de absorvê-lo (se for acompanhado de vitamina C, ainda melhor). Grande parte dos grãos, das oleaginosas e sementes, contém mais ferro do que a própria carne, considerando 100g do alimento cru (com exceção do fígado).
Uma dieta vegetariana equilibrada pode ser muito mais sadia do que aquela onívora. Hoje em dia existe uma série de artigos científicos que tratam o tema, conforme sustenta o livro Alimentação sem Carne, do Doutor Eric Slywitch. Relatórios da Associação Dietética Norte-Americana e da Associação de Nutricionistas do Canadá, publicados em 2003, elencam alguns dos benefícios da alimentação vegetariana, como redução de mortes por infarto, menor pressão arterial, menor mortalidade por doença cardíaca, redução no risco de câncer do intestino grosso e próstata.
Ambas as associações já haviam declarado em 1993 que dietas vegetarianas (e veganas) bem planejadas são saudáveis e adequadas em termos nutricionais. Em 2003, reformularam um novo parecer declarando que os profissionais da nutrição teriam “responsabilidade de apoiar e encorajar os que demostram interesse pelo consumo de uma dieta vegetariana.”[1]
Para Falkenmark, conselheiro científico sênior do Stockholm International Water Institute (SIWI), não teremos água suficiente para sustentar os atuais padrões de consumo. Estima-se que em 2050, metade da população mundial enfrentará falta de água crônica. A alternativa? Apostar em dietas de origem prevalentemente vegetal, e não animal. As proteínas de origem animal demandam uma enorme quantidade de água para sua produção. Em contrapartida, uma alimentação vegetariana consome de cinco a dez vezes menos água.[2]
A Water Foot Print é responsável por quantificar e mapear a “pegada hídrica” de determinados produtos, que varia de acordo com os tipos de animais e os sistemas de produção. Segundo a organização, para um único quilo de carne bovina são consumidos mais de 15.000 litros de água. Para os ovinos são necessários 10.400 litros, suínos 6.000 litros, caprinos 5.500, frangos 4.300 litros, ovo de galinha 3.300 litros para cada 1 kg e para o leite de vaca, mil litros. Além disso, em proporções mundiais, a proteína animal demanda um terço das terras agrícolas para o cultivo de alimentos para os próprios animais. Grande parte da soja plantada hoje é para suprir a fome do gado, e não dos humanos.[3]
No auge da crise hídrica, outro ponto a ser levantado é o consumo consciente. Mas como afirma Marzeni Pereira, tecnólogo em saneamento da Sabesp, geralmente a redução de consumo refere-se às residências, responsáveis por apenas 8% da demanda total. Os 92% restantes costumam ser pouco abordados. Salienta, ainda, que 70% da água é consumida pela agricultura e 22% pela indústria. No ano passado, o Brasil exportou cerca de 200 bilhões de metros cúbicos de água em soja, carne, milho e café. Quantidade de água suficiente para abastecer a capital paulista por quase 100 anos.[4]
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, nos próximos 40 anos, será preciso aumentar a produção de alimentos em 70% para suprir a demanda mundial. Além disso, o aumento de energia deverá crescer 60% em três décadas. Como podemos imaginar, essa “disputa acirrada” diz respeito a oferta da mesma água.[5]
Nesse sentido, conforme sustenta o físico e ambientalista Fritjof Capra, um dos principais desacordos entre a economia e a ecologia é a incompatibilidade entre ambas, a natureza é cíclica, enquanto nossos sistemas industrias, lineares.
O tema suscita uma reflexão sobre o nosso “modus vivendi” atual. Ao mesmo tempo, a expressão latina remete um acordo temporário que duas partes em conflito estipulam entre si, visando uma situação suportável. Aqui, o acordo entre a ecologia e a economia parece ser unilateral, e nos incita a pensar até quando esta situação permanecerá suportável.
Quiçá, nos incite a tomar consciência das consequências implícitas em simples hábitos alimentares, que passam pela questão ambiental, ética, e é claro, da saúde.
[1] Alimentação sem carne – Dr. Eric Slywitch
[2] Estudos apontam que falta de água pode tornar o mundo vegetariano – ANDA – Agência de notícias de direitos humano http://www.anda.jor.br/29/01/2015/estudos-falta-agua-tornar-mundo-vegetariano
[3] Ibidem
[4] Crise Hídrica de São Paulo passa pelo agronegócio, desperdício e privatização da água – Correio da Cidadania
[5] Estudos apontam que falta de água pode tornar o mundo vegetariano – ANDA – Agência de notícias de direitos humano
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