Pois é, piscamos e chega dezembro. Confraternizações, Natal, Ano Novo. Momento que nos é dado de presente para pensarmos em nossas atitudes e escolhas. Temos a chance de nos perdoar e recomeçar. Parece que um espírito de solidariedade invade nossos corações e nesta época sentimos mais do que nunca a necessidade de olhar para o outro.
Passamos o ano todo mergulhados em compromissos de trabalho. Quando encontramos tempo para curtir um pouquinho a família e amigos, já nos consideramos vitoriosos. Nos tornamos indiferentes a dor do próximo: ao me deparar com alguém dormindo na rua, atravesso. Ao passar algo que me incomoda na TV, mudo o canal. Ao ver uma criança pedindo no semáforo, fecho os vidros…não deixo meus olhos cruzarem os dela.
É melhor assim.
Mas aí, olha só! Chega dezembro. Chega o Natal. O momento de nos redimir das nossas ações, ou melhor, da nossa indiferença. Pego uma cartinha de uma criança no Correio, doo mantimentos em um asilo, compro alguns panettones para os lixeiros. Nossa, nos sentimos aliviados. Que bom que existe o Natal!
Pensamos no próximo, pensamos pelo menos um dia do ano em contribuir com a vida de quem não teve a mesma sorte que nós. Mas será que é isso mesmo? Pensamos no outro, ou mais uma vez, queremos apenas nos sentir melhor? Como é bom sentir o gostinho da solidariedade, do cuidado, do se importar com o outro. Traz paz e menos culpa na hora das compras natalinas.
Não condeno, faz parte. Existem pessoas que nem o espírito natalino é capaz de despertar solidariedade, nem por um dia, por horas ou por minutos. São duras, frias e indiferentes nos 365 dias do ano. Podemos e devemos nos sentir melhor, nos redimir. Faz bem para a alma e para o mundo. O que não vale é comprar brinquedos para doar no Natal e continuar o ano todo desviando o caminho para ignorar os problemas alheios. #ficaadica