Na quarta-feira (23), a adolescente transgênera Marianna Lively, ainda com 17 anos, fez o alistamento na Junta de Serviço Militar em Quitaúna, em Osasco, e teve duas fotos e todos os dados pessoais divulgados na internet instantes depois.
Por meio de nota, o Exército admitiu ter conhecimento do caso, “que envolveu a divulgação, sem autorização, das informações da pessoa em questão” e diz já ter tomado “as medidas administrativas necessárias para o esclarecimento do ocorrido e os envolvidos serão responsabilizados por suas ações.”
Por conta da divulgação das imagens e do endereço e telefones, Marianna disse que começou a receber inúmeras ligações, ora com elogios, ora com ofensas. “Cheguei para me alistar às 7h e saí às 7h30. Foi tudo rápido e fui embora sem ter sofrido preconceito algum. Mas quando chegou perto das 14h comecei a receber ligações de pessoas me procurando pelo meu nome de registro”, disse ela.
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Brasil: o país que mais mata transexuais
Além de Marianna, muitos indivíduos transgêneros sofrem violências diariamente – alguns não sobrevivem. Segundo relatório da ONG internacional Transgender Europe, a transfobia, violência de cunho preconceituoso contra transgêneros, é alarmante no Brasil. Entre janeiro de 2008 e abril de 2013 foram registradas 486 mortes de travestis e transexuais em território nacional. A estatística coloca o país como o líder entre os assassinatos por discriminação de identidade de gênero. O relatório é baseado no número de casos reportados, o que indica que ele pode ser ainda maior. A cada cinco ou seis transgêneros assassinados no mundo quatro são brasileiros.
No final, o que falta é informação. A marginalização dos transgêneros na sociedade e, consequentemente, na mídia tradicional é um agravante para isso. Entendê-los como humanos é o primeiro passo para romper com os estereótipos e foi isso que o webdocumentário Transgressões fez. Histórias reais foram captadas para derrubar preconceitos.
Essa é a primeira iniciativa nacional que se enquadra na configuração de webdocumentário tratando sobre a temática transgênero. Esse formato audiovisual se caracteriza por ser hospedado em uma plataforma online permitindo completa interação entre o usuário e a obra, que não possui um começo ou fim predeterminados, mas pode ser interpretada de acordo com o caminho que cada internauta fizer.