Mais um ano está terminando, e mais uma vez temos uma nova chance para fazermos uma avaliação sobre o que deu certo, sobre o que deu errado, e qual será a projeção para o ano que chega muito em breve.
Certamente dentre essas projeções estarão: emagrecer, enriquecer, trocar de emprego, de endereço, de namorado(a), de esposo(a), de smartphone, de carro, de comportamento, de vida. Alguns vão conseguir realizar, outros não vão nem tentar. Mas tudo isso faz parte dos rituais repetitivos de final de ano.
Outra coisa que provavelmente vai acontecer é recebermos mensagens e desejos de um ótimo 2016, cheio de paz, brilho, prosperidade e realizações. Até aí, tudo bem! Só que também receberemos tais votos de pessoas que geralmente não se comunicam conosco, que apenas expressam esses desejos em cumprimento aos ritos da passagem de ano, e que só darão o ar da graça novamente quando da chegada de 2017, para falar o mesmo bordão!
Com relação a fazer o de sempre, e apresentar comportamentos repetitivos e automáticos, em 2015, vi muitas pessoas nas redes sociais ficarem nas cores do arco-íris em homenagem à legalização americana do casamento entre pessoas do mesmo sexo; tornarem-se franceses em condolência às vítimas dos atentados naquele país; e ficarem comovidos e compartilharem a foto da criança afogada em solidariedade à questão dos imigrantes sírios, dentre outros fatos internacionais marcantes durante o ano.
Vi também a revolta em âmbito nacional com a suspensão temporária do serviço do WhatsApp, e com a situação do rompimento da barragem de rejeitos que destruiu a cidade de Mariana em Minas Gerais, que trará consequências ainda incalculáveis para o nosso meio ambiente.
Mas, depois de um tempo esse tipo de manifestação nas redes desapareceu. Será que as pessoas deixaram de se preocupar e externalizar sua indignação? Teria sido modismo? Apenas uma ponga nos temas do momento impulsionada pela mídia? Será que realmente estamos preocupados com a paz no mundo, ou nossa contribuição é apenas curtir, compartilhar, colorir nossas fotos, ou dizer: Je suis Charlie, Je suis Paris, Je suis Mariana, Je suis Maju, Je suis Jéssica, Je suis WhatsApp?
A banda de rock brasileira Titãs resolveu regravar uma música composta em 1995, mas que apesar dos seus 20 anos continua super atual. A grande pergunta que fazem é: E então, o que você faz pela paz?
Não é preciso ir até a cidade de Mariana para tentar limpar e reconstruir o local, ou mesmo se armar e ir para a França ou para a Síria tentar acabar com a guerra e com os atentados terroristas. Mas, podemos começar saindo um pouco mais do mundo virtual, e partir para o real. Ajudar de verdade. Não apenas curtir, compartilhar e comentar, mas praticar atos que ajudem a reestabelecer a paz. A paz de espírito!
Como provocamos em nosso artigo ao final de 2014, denominado Feliz Ato Novo, podemos fazer algo pela paz praticando mais os “Bom dia”, “Boa tarde” e “Boa noite”. Mais “Obrigado”, “Desculpa”, e “Licença”. Dizendo, sempre que possível: “estou com saudade”, “sinto sua falta”, “você é especial”, “posso te ajudar?”.
Que tal darmos mais sorrisos, mais abraços, mais apertos de mãos, e muitos, muitos beijos? E não vale apenas os beijos e abraços virtuais, ou os emoticons. Seria uma boa realizarmos mais viagens, mais encontros, mais telefonemas, mais happy hours, mais trocas de olhares e de sorrisos, mais contatos físicos, e mais abraços de feliz aniversário.
Lembremos que é importante trocar o período de ser bonzinhos, e demonstrarmos mais humanidade não apenas entre o Natal e o Réveillon. Mas que façamos isso também entre o Réveillon e o Natal.
Outra boa ideia é sermos mais doadores. Doarmos tempo para quem precisa nos ter por perto. Doarmos sangue para os bancos de coleta. Doarmos dinheiro para as entidades que administram hospitais, creches e asilos. Doarmos brinquedos, roupas, utensílios e eletrodomésticos, mesmo que usados, para quem realmente necessita. Doarmos trabalho de forma voluntária para instituições sociais. Daí será possível responder o que fazemos pela paz.
Dentre as metas para 2016, podemos pensar em “adotar” uma instituição. Basta pesquisar, analisar, ver o que ela faz, e quais os resultados alcançados através de suas atividades e de seus projetos. Poderemos ajudar doando recursos, materiais, sendo voluntário, ajudando a divulgar os trabalhos realizados, enfim. De qualquer forma, o terceiro setor agradece!
E então, o que você faz pela paz?