Nas últimas semanas os noticiários focaram suas atividades para relembrar a importância de falarmos sobre as questões ambientais e como podemos fazer nossa parte para ajudar a Amazônia. O assunto ganhou destaque após a série de incêndio criminosos que devastou parte da maior floresta tropical do planeta.
2019. O mundo todo parou para lamentar o incêndio que destruiu um patrimônio da humanidade. Os maiores jornais estamparam manchetes. Pessoas de diversos países subiram hashtags preocupadas com a situação. O governo local não mediu esforços para amparar os prejudicados e buscar formas de reverter a catástrofe.
Seria ótimo se pudéssemos falar que o parágrafo anterior se refere ao crime ambiental que devasta em fogo nossa Floresta Amazônica. Mas – infelizmente – o trecho que se refere às ações positivas do governo cabe apenas ao incêndio que tomou a Catedral de Notre e Dame em abril deste ano. A realidade no Brasil é outra. Porque em vez de um patrimônio material, o que está em cheque e sob ameaça é uma das maiores florestas do mundo.
Agora não são mais sinos que vão parar de tocar. São espécies que podem desaparecer, recursos naturais que podem não mais se renovar. São milhares de vidas que correm o risco de se perderem em meio a fumaça e fogo. E mesmo com toda comoção mundial para ajudar a Amazônia, com inúmeras manchetes, hashtags, propostas e ideias para reverter este dano à biodiversidade, a mensagem oficial que recebemos dos governantes brasileiros é que “ONGs devem ter provocado o incêndio para incriminar o governo”.
Entenda a gravidade
Atualmente, as florestas queimam como nunca aconteceu antes. Entre janeiro deste ano até esta semana, o Brasil registrou um aumento de 83% de queimadas em florestas, em relação ao mesmo período de 2018. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), durante os oito meses de 2019 já ocorreram 72.843 focos de incêndios. Inclusive em territórios que estão categorizados pela legislação como áreas de proteção ambiental, assim como territórios indígenas (68 incêndios), localizados majoritariamente na região da Amazônia.
O desmatamento e as queimadas ganharam repercussão internacional, principalmente depois que São Paulo, a cidade mais industrializada do país, a 3.000 quilômetros da Amazônia, no dia 19/08/2019 viu o céu escurecer, como consequência do mau tempo misturado à fumaça das queimadas vindas do Norte e da região central. Um teste realizado pelo Jornal Nacional mostrou que a água da chuva daquele dia estava contaminada com fuligem de fogo.
Quem resistia aos alertas dos ambientalistas sobre a seriedade do momento para as florestas, que ignorou o casal de idosos que morreu carbonizado em Rondônia, que fechou os olhos para os animais que foram vitimados pelas labaredas de fogo, precisou – na marra – aceitar a gravidade da situação ao ver com seus próprios olhos a consequência dos incêndios. Fotos da Amazônia desmatada invadiram as redes sociais e a pressão sobre o presidente Jair Bolsonaro cresceu como nunca antes.
Porém, o Presidente manteve-se fiel à sua forma de argumentar sobre assuntos importantes: inverteu as responsabilidades. No dia 21/08, mais uma vez, ele foi à imprensa para promover ideias e levantar suspeitas com base em apurações questionáveis. Segundo Bolsonaro, os incêndios na Amazônia são atos criminosos e foram fruto de ações ressentidas de ONGs que atuam em prol da proteção ambiental.
“Pode haver – não estou afirmando – uma ação criminosa dessas ONGs para chamar a atenção precisamente contra mim, contra o governo do Brasil. Esta é a guerra que enfrentamos. Faremos todo o possível e impossível para conter o fogo criminoso.” (Jair Bolsonaro, 21/08/2019).
“Mas e as ONGs?”
A declaração de Jair Bolsonaro, assim como a fumaça que representa o massacre da Floresta Amazônica, repercutiu a quatro ventos. Lideranças que defendem as causas ambientais e inúmeras Organizações Não Governamentais (ONGs) e Organizações da Sociedade Civil (OSCs) tomaram partido e se posicionaram acerca da acusação do presidente. Em um texto intitulado Bolsonaro não precisa das ONGs para queimar a imagem do Brasil no mundo inteiro, a Associação Brasileira das Organizações Não Governamentais (ABONG) pontuou:
“O Presidente deve agir com responsabilidade e provar o que diz, ao invés de fazer ilações irresponsáveis e inconsequentes, repetindo a tentativa de criminalizar as organizações, manipulando a opinião pública contra o trabalho realizado pela sociedade civil.”
E ao contrário de uma fala leviana, sem conhecimento ou provas incontestáveis a respeito de uma acusação seríssima, a Abong foi ainda mais longe e trouxe uma lista de instituições que atuam diretamente com a causa ambiental, ou simpatizam e reconhecem a importância da valorização do meio ambiente, e que se posicionaram sobre a situação. Confira aqui.
O mesmo propósito de posicionamento e combate em defesa da Amazônia também inspirou portal Pacto pela Democracia, que é uma iniciativa da sociedade civil brasileira voltada à defesa e ao aprimoramento da vida política e democrática no Brasil, a divulgar uma carta aberta destinada ao presidente Jair Bolsonaro, que contou com o apoio e assinatura de instituições que também vestiram a camisa para assumir um lado e falar em benefício da Floresta Amazônica. Leia aqui.
Em ambos os casos, percebemos a movimentação de entidades que realmente têm conhecimento de causa e falam com uma grande bagagem de experiência e ações em benefício da sociedade brasileira.
O que podemos fazer para ajudar a Amazônia?
Mesmo neste cenário caótico, em que o fogo da Amazônia bate na porta de Brasília, o Presidente e seu Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, insistem em desvalorizar e desmontar as políticas ambientais. A chama do ódio queima tão forte dentro do Poder Público nacional, que nem mesmo as chamas que devastam nossa biodiversidade conseguem contê-la.
Mas não é porque o governo fecha os olhos e permanece lavando as mãos perante sua própria irresponsabilidade em relação aos cuidados com a fauna e flora do Brasil, que nós, cidadãos, não podemos fazer nossa parte. Podemos e devemos levantar nossas vozes para ajudar a Amazônia e, por essa razão, buscamos formas pelas quais você pode contribuir, independentemente de em qual lugar do País ou do mundo você estiver. Confira:
Busque informações confiáveis, embasadas em evidências
A primeira coisa a ser feita para conhecer de fato o que está acontecendo e a importância que você pode ter sobre o assunto, é consumir informações de qualidade.
Uma dica de buscador que atua em sintonia com o bem-estar do meio ambiente é o Ecosia. Valide as notícias que chegarem até você antes de tomar apenas um lado como verdade!
Contribua com organizações que atuam pela defesa da Amazônia
Você lembra que quando o fogo silenciou os sinos de Notre e Dame em uma segunda-feira, imediatamente no dia posterior milionários e filantropos do mundo todo realizaram doações e proporcionaram recursos necessários para a reconstrução da catedral. Infelizmente o mesmo não aconteceu em benefício da Floresta Amazônica. Porém nós podemos fazer nossa parte e direcionar recursos para organizações que atuam para ajudar a Amazônia.
Nossas indicações são:
Assine petições
Muito possivelmente você já ouviu falar em petição, mas ficou na dúvida sobre o que é e para que serve. Pois saiba que se trata de um documento oficial, um pedido por escrito, que reivindica o cumprimento de direitos junto ao poder judiciário. Garantida por lei, a petição normalmente é usada em situações que envolvem atos ilegais ou abusos de poder, por exemplo.
Em benefício da Amazônia, existem algumas petições online que já estão em circulação. Olha só quais são os propósitos das petições que elencamos para você:
- Ministério do Meio Ambiente, não mude a estrutura do Fundo Amazônia!
- Pelo fim das queimadas na Amazônia!
- Impedir o desmatamento e exploração da Amazônia!
- Chega de destruir a Amazônia
Ah, você pode assinar todas, não precisa escolher uma só.
Mobilize-se: vá às manifestações!
As manifestações pela Amazônia vão acontecer em mais de 60 cidades no mundo todo, entre os dias 23, 24 e 25 de agosto. Vá às ruas, faça sua voz ser ouvida. Na hora de eleger representantes públicos, os candidatos lembram de procurar você, agora é obrigação dos nossos políticos nos ouvirem, mas para que isso aconteça, precisamos falar. E se falarmos juntos, falaremos com mais força.
Confira algumas publicações que estão organizando manifestações em benefício da Floresta Amazônica e compareça à que estiver mais próxima a você. Sua voz faz diferença. Fale em nome da nossa biodiversidade!
- Participe das mobilizações pela Amazônia!
- Manifestações pela Amazônia ocorrem em mais de 60 cidades do mundo
- Protestos pela Amazônia devem ocorrer em ao menos 40 cidades do Brasil
Você precisa da Amazônia. E agora ela também precisa de você.
FAÇA A SUA PARTE PARA AJUDAR A AMAZÔNIA!