Com certeza você já percebeu que as variações climáticas estão cada vez mais incertas. Desde dias extremamente quentes e abafados em pleno inverno até tardes frias e nubladas durante o verão, a estabilidade do clima no mundo já não é mais a mesma e boa parte das razões que levaram isto a acontecer são derivadas da intervenção humana.
Em setembro de 2019, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) declarou que o aquecimento global não é um equívoco do acaso, assim como a influência humana no sistema climático é evidente e que as emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa estão mais altas que já foram na história. Isso sem falar que, conforme o IPCC, as mudanças observadas no clima no mundo foram sem precedentes nas últimas décadas. A atmosfera e o oceano aqueceram, os volumes de neve e gelo diminuíram e o nível do mar aumentou.
E em meio a tantas situações negativas, que afetam diretamente a vida na Terra, vozes de lideranças e pessoas engajadas na luta pelo clima começaram a imergir. O exemplo da jovem Greta Thunberg precisa ser repercutido para inspirar cada vez mais pessoas a abraçarem esta causa tão importante. E, para isso, confira o discurso que ela proferiu aos líderes mundiais, no dia 23/09/2019, na íntegra:
A jovem Greta realmente é uma inspiração, no entanto, outras pessoas também estão agindo e transformando realidades por onde passam, com objetivo de conscientizar e promover atos concretos para reverter o cenário de oscilações no clima.
Por essa razão, é sobre eles que vamos falar agora, esperando que esta leitura te inspire cada vez mais a levantar sua voz e colocar a mão na massa em relação aos cuidados com o nosso planeta. Vamos lá!
Greta Thunberg
Com apenas 16 anos, Greta Thunberg iniciou um movimento internacional de jovens contra as mudanças climáticas. A adolescente sueca organizou pela primeira vez uma “Greve Escolar pelo Clima” em frente ao Parlamento do seu país em agosto de 2018.
Sua greve inspirou estudantes de todo o mundo, levando dezenas de milhares de jovens da Alemanha, Japão, Reino Unido, Austrália e muitos outros a se juntarem à causa, por meio das ações do movimento #FridaysforFuture.
Greta começou a ganhar cada vez mais atenção internacional depois de falar nas Cúpula do Clima da ONU, na Polônia, em dezembro de 2018. Mas sua repercussão aumentou consideravelmente mais após a Cúpula de Ações Climáticas das Nações Unidas, em setembro de 2019, quando Greta Thunberg criticou os líderes mundiais por sua “traição” aos jovens, assim como por sua inércia diante da crise climática. Segundo a jovem, os líderes não estão cumprindo seus compromissos para enfrentar o aquecimento global perigoso.
Entenda o contexto do discurso
Dias depois que milhões de jovens se uniram a protestos em todo o mundo para exigir ações emergenciais sobre as mudanças climáticas, os líderes mundiais se reuniram para a Assembleia Geral Anual das Nações Unidas (que ocorreu entre 21 e 27/09 de 2019) com o objetivo de injetar novo impulso nos esforços para conter as emissões de carbono.
Mas Thunberg – em sintonia com estudos científicos que afirmam a necessidade de redução da emissão de gases – previu que a cúpula não apresentaria novos planos que atuem em consonância com os cortes radicais nas emissões das substâncias responsáveis pelo efeito estufa e, portanto, pelas mudanças de clima no mundo. E a partir da emoção dedicada à sua fala, a jovem sueca viralizou e tornou-se um dos símbolos de combate às mudanças climáticas no mundo.
Sônia Guajajara
Sônia é do povo Guajajara/Tentehar, que habita nas matas da Terra Indígena Arariboia, no Maranhão. Filha de pais analfabetos, deixou aldeia pela primeira vez aos 15 anos, quando recebeu ajuda da Funai para cursar o ensino médio em Minas Gerais. Depois, voltou para o Maranhão, onde se formou em Letras e Enfermagem e fez pós-graduação em Educação Especial.
Sua militância indígena e ambiental começou ainda na juventude, nos movimentos de base, e logo chegou ao Congresso Nacional – onde Guajajara foi linha de frente contra uma série de projetos que retiravam direitos e ameaçavam o meio ambiente. Em poucos anos, ela ganhou projeção internacional pela luta travada em nome dos direitos dos povos originários.
Devido à sua experiência e vivência em meio ao meio ambiente, Sônia desenvolveu um forte senso de responsabilidade em relação aos ecossistemas e biodiversidade nacional, tornando-se um nome de referência na defesa desta causa. Com anos de reconhecimento e atuação direta em defesa das terras indígenas e combate à exploração irresponsável causada pelo agronegócio, ela – inclusive – já representou e levantou a bandeira de desenvolvimento sustentável e respeito às florestas brasileiras na corrida presidencial de 2018, quando integrou a chapa de Guilherme Boulos, como vice-presidente.
Vandana Shiva
Vandana Shiva é uma das principais vozes na caminhada que busca alternativas para o capitalismo. Sua luta principal é em defesa das florestas e combate ao desmatamento desenfreado, propongo a agroecologia como um ponto de partida para a realização das justiças ambiental, social e econômica. Sua motivação, inclusive, vem do berço: nascida na Índia em 1952, é filha de pai guarda florestal e mãe agricultura, por essa razão, conhece desde a infância a importância de valorizar e conservar as florestas.
Quando adolescente, nos anos 1970, participou do movimento Chipko, no qual mulheres moradoras das vilas do Himalaia abraçavam árvores para proteger as florestas da região contra o desmatamento. Ao terminar a sua graduação em Física na Índia, Vandana mudou-se para Ontario, no Canadá, para fazer um mestrado em filosofia da ciência, em 1976. Sua tese de doutorado sobre física quântica foi defendida em 1978, também em Ontario.
Vandana começou a participar mais ativamente da luta pela agroecologia ao visitar sua cidade natal e descobrir que a floresta que costumava frequentar quando era criança havia sido derrubada e o rio que passava ali foi drenado para o plantio de uma monocultura de maçãs. Motivada por essa luta em favor da natureza, em 1982, criou a Fundação de Pesquisa para Ciência, Tecnologia e Ecologia para agir ainda mais efetivamente em benefício da sua causa.
Respaldada pela Fundação, ela passou a liderar campanhas contra a construção de represas e exploração das florestas do norte da Índia por madeireiras. A preocupação de Vandana era com a chamada “Revolução Verde”: um modelo de desenvolvimento econômico para o campo, baseado na mecanização, no uso de sementes transgênicas, fertilizantes industriais e agrotóxicos.
Para ela, a importância do meio ambiente vai além da garantia de preservar as vidas e ecossistemas que dependem diretamente deles. Afinal, as consequências da exploração desenfreada das florestas e desmatamento afeta também no clima e, portanto, causa ônus para todas as vidas da Terra.
Cacique Raoni
O Cacique Raoni é um ícone inconfundível da Amazônia com sua placa labial grande, touca de penas de arara amarela e brincos, que ficou conhecido internacionalmente como um ativista ambiental na década de 1980. Aos 89 anos, ele voltou à estrada de militância em 2019, buscando ajuda para impedir um aumento de incêndios que destruíram a floresta, que ele atribuiu aos planos do presidente Jair Bolsonaro de explorar Amazônia.
Raoni é o líder do povo indiano Kayapo. Atualmente ele mora na Reserva Amazônica. Desde muito cedo tornou-se um nome importante na representatividade dos povos indígenas e luta pela conservação e valorização do meio ambiente. Para isso, durante suas viagens, o Cacique Raoni conheceu os grandes nomes do mundo e, em todos os lugares, quando ele apareceu na mídia, ele marcou as pessoas, inspirando e motivando cada vez mais indivíduos a agirem em benefício do meio ambiente.
Hoje em dia, sua repercussão na mídia se deve ao fato dele aparecer como um dos principais nomes contrários ao governo Bolsonaro e as medidas que vêm sendo tomadas principalmente na Floresta Amazônica. Para o Cacique Raoni, agir em defesa da maior floresta subtropical do mundo vai além de apenas beneficiarmos uma região do planeta, mas sim de valorização do maior patrimônio imaterial da nossa Terra: a biodiversidade e meio ambiente.
Faça a sua parte pelo clima no mundo
Inspirado por nomes como o de Greta, Sônia, Vandana e Raoni, você também pode agir para melhorar a situação do clima do mundo. Lembre-se: as mudanças climáticas estão diretamente relacionadas com o desmatamento e desvalorização do meio ambiente, por isso, ao dedicar-se a adotar hábitos mais sustentáveis e se fazer ouvir em benefício desta causa, você também estará fazendo a sua parte para conservar a Terra.
E para agir, você não precisa ir muito longe, não. Basta conferir outros conteúdos que preparamos com dicas e informações relevantes sobre como você pode agir e quais Organizações da Sociedade Civil pode apoiar para vestir a camisa da nossa causa. Olha só:
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