A cada dia, pessoas LGBTQIA+ são privadas de seus sonhos, seus direitos e até mesmo de suas vidas… Isto precisa acabar. Precisamos falar, nos inspirar e fortalecer redes de apoio à comunidade, que atuam em benefício de iniciativas LGBTQIA+ no Brasil!
“Nossa bandeira jamais será vermelha”… Quantas vezes você já ouviu ou leu esta frase, expressa por pessoas que se identificam com ideias conservadoras, “em defesa dos valores e da família” (eles dizem), para reforçar seu engajamento político contra o que chamam de ideologia comunista?
O que essas pessoas, talvez, não percebem, é que a nossa bandeira já é vermelha. É vermelha pois está manchada com o sangue das pessoas LGBTQIA+ que são assassinadas diariamente em nosso país. A cada 23 horas, registra-se uma morte, segundo levantamento realizado pelo Grupo Gay da Bahia, entre janeiro e maio de 2021. Ano após ano, o Brasil segue na lista dos países que mais mata LGBTQIA+…
Mas, em contrapartida a essa realidade que ainda é extremamente preocupante, também podemos visualizar movimentos e iniciativas LGBTQIA+ que trazem esperança de dias melhores à nossa sociedade.
Celebrar o orgulho desta comunidade é honrar as memórias de todas as pessoas que já partiram. Porém, é, também, agir para garantir direitos, oportunidades e possibilidades para sonhar e realizar, aos que aqui permanecem na luta. Só assim as estatísticas deixarão de serem apenas números, e permanecerão sendo VIDAS.
Músicas que causam: hinos de liberdade
Por que iniciativas LGBTQIA+ são necessárias?
Se você fechar os olhos agora para se imaginar um lugar que transmite a sensação de segurança, e visualizar-se lá, na companhia de pessoas importantes na sua vida. Com quem e onde você estaria?
Espaços e pessoas que representam o acolhimento, são fundamentais para nosso bem-estar. Nem todas as pessoas têm o privilégio de enxergarem essa imagem… Para muites LGBTQIA+, a imagem de segurança é apenas um borrão. Expulsadas de casa, agredidas nas ruas, essas pessoas descobrem muito cedo o quanto as injustiças e preconceitos causam feridas que nunca serão completamente cicatrizadas.
Mas elas lutam. Elas se encontram com outras pessoas como elas. Elas criam redes de apoio e dão suporte umas às outras. Elas se fortalecem para falar cada vez mais alto. Para mostrar cada vez mais que elas também estão aqui e que vão lutar por seu espaço. Por seu direito à vida.
E assim nascem iniciativas LGBTQIA+ como a Casa 1 (São Paulo – SP) e o Grupo Dignidade (Curitiba – PR).
Quando Iran Giusti teve a ideia de oferecer um espaço em sua casa para acolher uma pessoa LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade social, foi o primeiro passo para a organização e fundação da Casa 1, em São Paulo (SP). Sua oferta, publicada em uma rede social, recebeu tantas respostas, que Iran compreendeu a amplitude da questão e, junto a pessoas que também acreditaram neste propósito de acolhimento, deu início ao projeto.
“Nosso convite é sempre faça, e faça o que for possível para você, esteja nos espaços, converse com as pessoas, entenda de verdade a realidade do seu entorno, da sua cidade, do seu país, a partir disso tenho certeza que você vai sentir uma necessidade e uma urgência em fazer o possível para mover as estruturas.” (Iran Giusti)
Fundada, oficialmente, em 2017, o propósito da casa é oferecer um espaço de segurança e acolhida a jovens entre 18 e 25 anos que foram expulsos de casa, devido às suas orientações afetivas sexuais e identidade de gênero. Iran destaca que: “a Casa 1 é um projeto organizado e desenvolvido por pessoas que vêm de diversas vivências, experiências profissionais e de todos os cantos do país”. Hoje são três espaços que fazem parte da instituição: a República de Acolhida, o Centro Cultural e a Clínica Social.
“Todos os três espaços foram possíveis graças ao financiamento de pessoas físicas. Ainda que a Casa 1 tenha o apoio de muitas empresas e marcas, o valor arrecadado com organizações corresponde a 30% dos nossos gastos anuais, o que ajuda muito, mas não é suficiente, por isso falamos muito sobre a importância da mobilização popular, das doações independente da quantia.” (Iran Giusti)
A Casa 1 também oferece oportunidades para que seus acolhidos fortaleçam sua autonomia e independência, se reconectando com suas essências e encontrando caminhos para trilhar no futuro, durante os quatro meses (tempo de permanência máximo) em que ficam na casa. Neste período, são trabalhadas com eles questões como a saúde clínica, mental, educação e empregabilidade.
Para Iran, a Casa 1 é uma “fagulha do que ele quer para o mundo”. Por isso, ele explica que mesmo diante de um cenário político caótico, ao qual estamos submetidos, “acreditar é importante, mas sentir raiva também”:
“Quando digo que sinto raiva, não falo sobre remoer sentimentos ruins, mas sim usar toda a revolta e canalizar para coisas práticas. Vivemos em um país onde a população sobrevive, e uma parcela de pessoas, que sobrevivem de forma mais confortável, se acostumou a ignorar as desigualdades, os problemas, os sofrimentos e as injustiças. Então, nosso combustível, além de não se acostumar, é fazer o possível para que as pessoas também deixem de se acostumar”. (Iran Giusti)
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Existem quatro maneiras de apoiar a Casa 1. Clique para entender melhor cada uma delas e escolha a que faz sentido para você: